Porque sou nuvem e sou sangue,
E guardo um doce segredo
É que nada me sacia.
Tenho mais nervos que entranhas
Sou mais angústia que medo
Mais solidão que energia.
Matéria-prima de mim
Essa aridez me consome
A me retesar as veias
Eu tenho a carne em pedaços
E costuradas na alma
Umas lembranças tão feias.
Me liquefaz a garganta
A minha sede de abraços
E não têm fim nem cansaço
As marcas que me deixaram
Minhas orgias de santa.
Eu morro assim do avesso
Morro sem verbo e sem plano
Sem um poema decente
Que viva até nunca mais.
As marcas que em mim deixaram
Essas lembranças tão feias
Não têm começo nem fim
Mas sei que a qualquer instante
Não vai haver quem se espante
Se eu renascer de mim.
(Cris Carvalho)
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