21 de fevereiro de 2009


Como Dizem

(esta é a letra de uma canção interpretada por Charles Aznavour)

Eu moro só com minha mãe
num apartamento bem velho, na rua Sarasate
Eu tenho, pra me fazer companhia,
uma tartaruga, dois canários e uma gata

Pra deixar minha mãe descansar
eu sempre vou ao mercado e lavo a louça
Eu arrumo, lavo e enxugo
E, às vezes, também costuro na maquina

O trabalho nunca me assustou
Eu sou um pouco decorador, um pouco estilista
Mas meu verdadeiro emprego é a noite
onde eu sou um travesti, sou um artista

Eu tenho um número muito especial
que termina em nu integral, após um strip-tease,
e no palco vejo que
os homens mal podem acreditar em seus olhos,
eu sou um "homo", como dizem...

Lá pras três horas da manhã
vamos comer entre amigos de ambos os sexos
em um bar qualquer
E lá falamos sem pudor e sem complexos

Despejamos verdades
sobre pessoas que estamos fartos, nós as lapidamos
Mas fazemos isso com humor
envolvido em ironias molhadas de ácido

Nós encontramos alguns idiotas
Que para se armarem, andam bêbados
Dizem o que pensam de nós
E fazem figuras, aqueles pobre estúpidos, ridículos
Se mexem muito e falam forte
Se fazem em divas, em tenores da idiotice
A mim, os trocadilhos e as injurias
Me deixam frio, pois é verdade
eu sou um "homo", como dizem...

No momento em que nasce um novo dia
volto ao que me cabe em solidão
Removo meus sílios e minha peruca
como um pobre palhaço triste de cansaço
Eu me deito, mas não consigo dormir
Eu penso nos meus amores sem alegria, tão irrisórios
Naquele rapaz lindo como um deus
que, sem fazer nada, botou fogo em minha memória.

Minha boca nunca ousará
lhe revelar meu doce segredo, o meu triste drama
pois o objeto de todos os meus tormentos
passa a maior parte de seu tempo na cama com mulheres

Ninguém tem o direito, de verdade,
de me culpar, de me julgar, e eu deixo claro
que é a natureza a única responsável
Se eu sou um homem, ou, como dizem...

Carnaval... festa da carne?

Dói minha mente
meu coração
dói a cabeça, bêbado
se chorei ou se sorri
emoções com ou sem Roberto Carlos
com ou sem Betânia
sou carente, sou criança
dói, dói mais, dói demais
não sei ao sabor do wisk
nunca bebo
nunca bêbado
amar e ser amado, até que a morte os separe.
separar os cacos as juntas os dedos
o inventário de uns cigarros, muitos cigarros
confesso fumo sim, bebo sim, amo demais
corro com lobos, corro com loucos.
a cada lágrima uma lavagem d'alma
sem mais a declarar, sem mais a nada a lacrimar.

20 de fevereiro de 2009

Acordo

Agora, com o acordo ortográfico, ficou mais difícil escrever... Tudo que aprendi desde os 2 anos de idade foi por água abaixo, agora é "ideia" e não "idéia", "assembleia" e não "assembléia", demos adeus ao trema (que na real, já andava meio esquecido, caindo em desuso) e um monte de outras regras...
O que me assusta é que as pessoas estão usando o acordo como desculpa para escrever mais errado do que o suportável, vide orkut, MSN, emails...
Algumas coisas não mudaram e são inadmissíveis, por exemplo, um redator de um site como o globo.com escrever a seguinte pérola: "Max dar mordidinhas em Fran e ela diz: 'É muita gostosura para uma pessoa só'" (http://bbb.globo.com/BBB9/Noticias/0,,MUL1010939-16397,00-MAX+DAR+MORDIDINHAS+EM+FRAN+E+ELA+DIZ+E+MUITA+GOSTOSURA+PARA+UMA+PESSOA+SO.html).
Gente, o certo é DÁ (Verbo DAR, conjugado na 3ª pessoa singular do presente do indicativo), isso não mudou.
Cada vez mais, as pessoas estão escrevendo de forma inteligível e dizendo: "é o Acordo..." Qual acordo? O acordo de todos emburrecermos? O acordo de, daqui há pouco tempo, ninguém mais conseguir entender o que está escrito? O acordo de esquecermos a conjugação básica dos verbos? Ou seria o acordo de que cada um faz sua gramática?
Não sou a mais 'letrada' das pessoas, posso nem escrever direito (ou bem), e posso errar em todas as frases, afinal não estudei para isso, sou uma leiga... mas pelo menos tenho o cuidado de usar M antes de P e B, escrever as palavras inteiras, usar apenas palavras que sei o significado e consultar o dicionário em caso de dúvida.
O mínimo que essas criaturas deveriam fazer era colocar o texto no word e ver se estava certo.

19 de fevereiro de 2009

Fala do Falo


É tanta bobagem que a gente fala em uma conversa com amigos, em uma mesa de bar, em uma festa, em casa, basta alguém começar o assunto, para todas as nossas fantasias, aventuras e fatos esdruxulos, vão saindo.

Mas até que ponto estamos realmente a fim disso ou daquilo quanto ao sexo, ou aos sexos. Particularidades a parte, como diria o bom cearense, sexo e dos outros principalmente, é um "caso fora a parte", mas não vou aqui só de sexo, o praticável não, vou aqui de sexo, o gênero mesmo, de quanto as minhas amigas, são muito mais do que elas pensam ser e de quanto se reconhecem menos em si. As vezes sinto-me meio esquerdo ou alheio a essas percepções, não por insensibilidade, mas por falta de prática mesmo, mas gosto de em conversas informais, despertar nelas essas maravilhas, mas não por missão ou por catequização muito menos por que sou o amigo gay que levanta a auto-estima delas, mas por uma questão de gostar de falar sobre...

E de ver o quanto elas ainda tem muito assim como eu que descobrir sobre si, e que até certo tempo eu pensava que quando a gente se masturba gostoso, é o ponto de partida para se conhecer bem, que nada, é só o começo.

Jornada distorcida essa de sermos que de fato somos, gosto tanto de praticar a sinceridade, mas mesmo quando alguém me pede que eu assim seja, temo, reluto e até equalizo essas verdades para que não se transformem em transtornos, pois pressuponho que se você me perguntou o que eu penso, proporcionalmente respondo o que você precisa ouvir e não o que você quer ouvir.

Engraçado o quanto falar sobre sexo nunca é a mesma coisa que discutir sobre sexos ou sobre sexuados ou sexos suados... Mas que é bom é, fazer e falar.

18 de fevereiro de 2009

Lavagem de lágrimas

Hoje é manhã de lágrimas
De encher um tanque de coisas a serem
Quaradas, lavadas e clarear a mente
Molhadas esticadas extirpadas, transferidas
Enlaço a mão nos panos, espremo e decido:
Vou lavar minhas roupas sinhá...
vou estender roupas sinhá...
e espremer anseios
ate que eles escorram todos entre os dedos meus, entre os dedos de outrem
que em breve re-chegara em mim
de mim para mi
de dó em dó de ré em ré
em um único som
em um som só
em eu só
entre tanques de guerra
de água
de chacoalho
de chá com alho
de chá com olho
de tão só coalho...

Do primeiro argumento em diante....



Bom... faz um tempo que já venho sentindo essa vontade recordar os tempos de agenda, de diário, sim por que esse lance de diário não é só para meninas não. E como sou completamente adepto as tecnologias, e estou de volta ao mini universo digital, estou aqui para colocar tudo de dentro para fora, transmutar em letras as várias coisas que passo, que sinto, que amo e desamo. Em versos, em prosa, de várias formas que me mandar a vontade nos dedos e a flácida acidez da lígua.Mas também como uma descoberta de por para fora as idéias, até mesmo as mais embaralhadas.
E que aos que queiram também postar palavras interessantes, aos amigos, aos amores etc etc. Vamos lá.