30 de março de 2009

Repúdio a o que acontece em Teresina...

É assustadoramente semelhante às problematizações que vemos nós e os amigos passar, e que são geradas por quem menos deveria problematizar, aqui também não estamos em tempos bons, temos boas intenções, mas boas realizações não acontecem de fato, tem gente sem receber pagamento por serviço prestado há meses. Cada local com suas possibilidades nos manifestamos como podemos, mas, o nosso diálogo entre entidades do governo e artistas é bem menos burocrático quanto em Teresina, que até então me admirava sua articulação quanto a promoção local das novas linguagens e todo essa questão do respeito aos novos, mas é de fato lamentável, encontrar a frente de uma secretaria ou outro órgão administrativo qualquer ele que seja, esse tipo de preconceitos.
Preconceitos provincianos, de gente catequizada colonizada e ainda mais, que não se permite sequer a uma leitura dos fatos e benefícios, estive ai ano passado e o que me ficou de mais forte era exatamente esta impressão de que isso jamais aconteceria em Teresina, foi um dos poucos teatros que me apresentei, e fui tão bem recebido, com profissionais extremamente conscientes da sua missão de promover a arte e de difundi-la.
É assim que essas pessoas vêem nossa cultura? Ainda com essa mente de tempos de descoberta do Brasil? Estrangeiremos? Estrangeirismo é permitir que nas escolas se pratique a velha e defasada Educação artística como molde de domesticar e ou habilitar alguém a ser uma dona de casa prendada. Mais um reforço dos sinais da colonização.
Quando estive no Teatro João Paulo Segundo, tão carinhosamente chamado de TJP2 por todos, vi e tive inveja do que há de mais novo em termos de execução de pensamento em arte contemporânea, mas aos que ainda vivem em séculos passados onde cultura é algo que se deve aprisionar em museus, em molduras frias, distantes da realidade que temos, pode de fato ser subjugada de estrangeirismo. Por mais paradoxal que seja, o velho mundo que nos colonizou, é quem mais nos permite reconhecer o quanto estamos antenados com o que criamos em relação a o que eles criam, temos identidade criadora, não precisamos de comparações, muito menos que nos ensinem o que já é nosso.
Agora me pergunto o que além das arrumações políticas, o que legitima a posição entregue a esta pessoa? Que conteúdos ele tem para assumir um cargo de tamanha importância em relação aos legados culturais para uma cidade que não tem ao meu ver, outros atrativos a não ser o que o próprio povo cria? A frase é batida, mas vale sempre, um povo sem cultura qualquer ela que seja é um povo sem memória.
Acredito que tudo o que foi criado durante todo esse tempo sob o olhar prudente e consciente da diretoria do TJP2, só acrescentou a história do estado do Piauí, em especial Teresina, entrando no quadro nacional das artes como um foco produtor e não reprodutor de arte contemporânea.
Lamento ter que escrever assim na força da emoção, mas não estamos em tempos de palavrinhas brandas muito menos de circunlóquios, temos mesmo é que fazer sentir a todos a realidade que se passa e o quanto é amargo o que temos que engolir em nome de assumir a tarefa de perpetuar a arte nas nossas regiões.