5 de abril de 2012

Coelho da páscoa é uma ova!!!

Meu vizinho da direita tem uma padaria bem modesta, acredito que seja o seu sustento e de sua família, um bom brasileiro que vive do que produz.
Há uns quinze dias atrás, falei para ele que meu coqueiro estava carregado e lhe ofereci os cocos secos, fui ao quintal retirei os frutos cecos e voltei para entregá-lo e o homenzinho me perguntou quanto era?
Nessas horas amente de um artista desempregado voa em milésimos de segundos, se pensa em tudo inclusive o quanto qualquer "graninha" seria útil, até mesmo da venda de uns cocos que só tive o trabalho de ver nascer e arrancar sem dó.
Fui categórico e não aceitei sob alegação de entregá-los com casca e que ele teria um trabalhão para tratá-los e assim ele pegou o saco com uns sete ou oito cocos.
Alguns dias passaram e eu com minha determinação por regime evitava até passar na porta da padaria com seus cheiros e sabores caseiros tentadores. Ontem percebi que mais cocos estavam secando e ofereci novamente pois sei que ele deveria fazer pães de coco nesta semana santa. Hoje quando estou abrindo o portão e ele fechando o dele para sair com a família, sua esposa pede que eu aguardasse uns instantes e entre eu tentar enxergar o meu cadeado e olhar para eles percebo aquele homem franzino, corpo e cabeça típicos do cearense batalhador, e tenho um pai que foi padeiro, sei como é a rotina e os afazeres do panifício, das horas trocadas e esforço físico, e tudo isso vinha impresso nesse corpo, nesse caminhar até minha direção, um olhar e um sorriso meio cabisbaixo mas com um saboroso orgulho, e lá vem ele assim como um menino que faz um "mandado" para sua mãe me entrega sorrindo um imenso pão de coco bem fresquinho e cheiroso. Em agradecimento aos cocos que eu havia lhe dado.
Não sei se estou muito emotivo pela abstinência do açúcar já há quase dois meses, mas fiquei tão emocionado pelo seu gesto que minha reação foi de como um outro menino abobalhado ganhando o seu presente de páscoa tentando soltar entre os dentes um muito obrigado e um feliz páscoa.
Abri o portão da frente, a grade e finalmente a porta em um tom quase que formal, eu era uma celebridade de tanto orgulho e alegria, um “divo” que acabara de ganhar seu buquê de estreia e sem as demagogias comercias desta data, é claro que vou provar só um pouquinho desse pão tão abençoado e dividirei com que quiser vir aqui tomar um café comigo para celebrarmos a generosidade e o afeto. Amém 

Um comentário:

Imprima aqui suas palavras, verborragei o que sente.